Belém, a capital do Pará, vive uma realidade preocupante e crescente: o aumento das temperaturas extremas devido às mudanças climáticas. A cidade está se tornando cada vez mais quente, e isso tem afetado diretamente a qualidade de vida de seus habitantes. A pesquisa aponta que Belém pode se tornar o segundo centro urbano mais quente do mundo até 2050, o que coloca a cidade em uma rota para um destino climático infernal. Este destino não é mais uma teoria distante, mas uma realidade palpável para quem vive na região.
Em várias áreas da cidade, como a ilha do Combu, as mulheres extrativistas já sentem as consequências do aquecimento global. O calor extremo e a estiagem prolongada prejudicam a produção de andiroba, uma semente típica da Amazônia. Este cenário reflete uma mudança na natureza, onde o clima mais quente e imprevisível altera a vida das pessoas e o equilíbrio dos ecossistemas locais. Com o aumento das temperaturas, a capacidade de adaptação das populações é colocada à prova, e muitos precisam mudar suas atividades para sobreviver.
Outro fator agravante do destino climático infernal de Belém é a falta de arborização. A cidade tem uma média alarmante de apenas 2,5 árvores por metro quadrado, muito abaixo do ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 9 a 12 árvores por metro quadrado. Essa escassez de verde contribui para um desconforto térmico considerável, tornando as altas temperaturas ainda mais insuportáveis para os habitantes. Em áreas mais periféricas da cidade, a situação é ainda pior, com a escassez de árvores intensificando a sensação de calor.
A falta de arborização nas zonas mais vulneráveis da cidade, como as periferias, reflete uma injustiça ambiental que agrava ainda mais a situação de quem já enfrenta a pobreza. A escassez de verde nessas áreas, combinada com a falta de saneamento básico, torna as comunidades mais suscetíveis aos efeitos da mudança climática. Essas populações têm que lidar com eventos climáticos extremos, como ondas de calor e alagamentos, sem a infraestrutura necessária para mitigar os impactos.
Além disso, os fenômenos climáticos em Belém não se limitam ao calor extremo. A cidade também tem enfrentado chuvas mais intensas e alagamentos frequentes. As áreas de periferia, como o bairro da Terra Firme, já não experimentam a mesma regularidade de chuvas que costumavam ocorrer entre 14h e 16h diariamente. A escassez de chuvas, somada a um aumento na intensidade das precipitações, cria um cenário de extrema vulnerabilidade para as comunidades mais pobres.
O aumento das temperaturas em Belém também tem gerado uma sensação de desamparo e desespero entre os moradores. Muitos relatam que o calor está mais insuportável do que nunca, mesmo em regiões tradicionalmente mais frescas, como as ilhas. A intensidade do calor está desordenada, o que tem levado as pessoas a recorrer a estratégias improvisadas, como o uso de ventiladores e até o deitar no chão de cerâmica em busca de alívio.
O destino climático infernal de Belém é uma realidade que não pode ser ignorada. As populações mais vulneráveis, principalmente nas periferias, já enfrentam as consequências dessa crise climática de forma mais intensa. A falta de políticas públicas eficazes para mitigar os impactos das mudanças climáticas e a ausência de investimentos em infraestrutura verde agravam a situação. Em um cenário como esse, a urgência por ações concretas para combater a crise climática se torna ainda mais evidente.
Para reverter o destino climático infernal que Belém caminha para, é essencial que o governo, as organizações e a sociedade civil se unam para enfrentar esse desafio. Investir em arborização, melhorar a infraestrutura urbana e promover a justiça climática são passos fundamentais para garantir que as futuras gerações de belenenses possam viver em um ambiente mais seguro e sustentável. O tempo para agir é agora, pois o futuro da cidade está em jogo, e as soluções devem ser urgentes.