Em Belém, a sustentabilidade está se tornando uma marca registrada da cidade, com a adoção de soluções inovadoras que combinam tecnologia e preservação ambiental. Com a proximidade da COP 30, a capital paraense se prepara para receber líderes e especialistas em sustentabilidade, e dois dos principais espaços urbanos da cidade estão se tornando exemplos vivos de como integrar soluções ambientais em áreas urbanas. O Parque da Cidade e a Nova Doca, ambos com projetos inovadores para o tratamento de efluentes, estão destacando Belém no cenário global, demonstrando que é possível adotar soluções tecnológicas que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida dos cidadãos.
No coração dessas inovações está o sistema de tratamento de efluentes por wetlands, ou “jardins filtrantes”. Essa tecnologia natural, que utiliza plantas para purificar a água, já está mostrando seu potencial em diversos locais ao redor do mundo e foi adotada em Belém como uma maneira eficiente, econômica e de baixo impacto ambiental de tratar os efluentes urbanos. No Parque da Cidade, dois sistemas verticais de filtragem estão em funcionamento, com capacidade de tratar até 118m³ de efluentes por dia. Essa capacidade é mais do que suficiente para atender a uma população de até 2.800 pessoas, oferecendo uma solução ecológica e de longo prazo para a cidade.
A inovação não se limita apenas ao tratamento de efluentes. O Parque da Cidade é um exemplo completo de sustentabilidade, com soluções que abrangem o reaproveitamento da água da chuva e a instalação de energia solar fotovoltaica. Com 75% das obras concluídas, o Parque se consolidará como um grande pulmão verde de Belém, com mais de 1.500 árvores e 190 mil plantas ornamentais. Além disso, o espaço abrigará várias atrações culturais e educativas, como um Museu da Aviação, um centro de economia criativa e diversas instalações esportivas. Dessa forma, o Parque da Cidade não só contribui para a melhoria ambiental, mas também para a educação e o engajamento da população em questões de sustentabilidade.
Outro projeto de destaque na cidade é a revitalização da Nova Doca, que também adotou tecnologias inovadoras para o tratamento de efluentes. Neste projeto, os wetlands flutuantes, compostos por ilhas de plantas fitorremediadoras, são responsáveis por filtrar a água de maneira natural, criando um ecossistema sustentável. As plantas absorvem a matéria orgânica da água, promovendo a purificação e melhorando a qualidade do ambiente aquático. O uso de flutuadores plásticos de alta densidade e fibra de coco garante a eficiência desse sistema, que não apenas trata os efluentes, mas também contribui para a preservação dos rios que cortam Belém.
Além dos wetlands flutuantes, a Nova Doca conta com outras soluções sustentáveis, como jardins de chuva e biovaletas, que complementam o sistema de filtragem de efluentes. Essas tecnologias trabalham de forma integrada, utilizando a vegetação local para limpar a água de forma natural, sem a necessidade de produtos químicos ou altos consumos de energia. Como resultado, Belém ganha um sistema de tratamento de efluentes altamente eficiente, que se integra ao ambiente urbano e ajuda a preservar os ecossistemas locais, mostrando que soluções tecnológicas podem ser harmônicas com a natureza.
Esses projetos não são apenas iniciativas locais, mas servem como exemplo para outras cidades ao redor do mundo. A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, ressaltou a importância de iniciativas como essas para a construção de um legado de sustentabilidade em Belém. De acordo com ela, a COP 30 será uma oportunidade única de mostrar como a tecnologia pode ser usada para melhorar a qualidade de vida e reduzir os impactos ambientais nas grandes cidades. Ao adotar essas soluções inovadoras, Belém se coloca na vanguarda das cidades sustentáveis, inspirando outros centros urbanos a seguir o exemplo.
Com a implementação de sistemas como os wetlands, que tratam os efluentes de forma natural e econômica, Belém está criando um modelo de sustentabilidade urbana que pode ser replicado em outras partes do mundo. A tecnologia empregada nesses projetos não só resolve problemas locais de gestão de resíduos, mas também integra as áreas urbanas de forma mais harmônica com a natureza. O fato de não gerar resíduos químicos e exigir pouca manutenção torna essas soluções ainda mais atraentes, oferecendo um caminho viável para as cidades que buscam se tornar mais sustentáveis.
À medida que as obras avançam e os sistemas de tratamento de efluentes são ampliados, Belém está se consolidando como um exemplo de como a inovação tecnológica pode ser aliada à preservação ambiental. O Parque da Cidade e a Nova Doca são apenas os primeiros passos em uma jornada mais ampla para transformar a capital paraense em uma cidade mais verde e sustentável. Com a COP 30 se aproximando, essas obras ganham ainda mais relevância, não apenas como marcos de inovação tecnológica, mas como símbolos de um futuro mais sustentável para todos.
Com a implementação dessas tecnologias e a crescente conscientização ambiental da população, Belém demonstra que é possível alavancar o potencial da tecnologia de forma responsável e eficaz. O sucesso desses projetos será um reflexo de como a cidade pode crescer de maneira sustentável, sem comprometer a qualidade de vida de seus habitantes ou a saúde dos ecossistemas locais. Em um momento crítico para o futuro do planeta, Belém está se destacando como um exemplo de como a tecnologia e a natureza podem coexistir de maneira produtiva e benéfica para todos.
Autor: Nikolai Popov Kill
